Escolhi o tema da consciência como uma ilustração para refletir sobre a perspectiva de intersecção entre os campos Ciência, Filosofia e Espiritualidade. Tenho a convicção que não estamos esgotando o assunto, nem de longe, mas este texto pode servir de inspiração para irmos um pouco mais além na reflexão sobre a consciência, considerada tão instigante para quem se interessa por entender a natureza humana.
Não existe nada mais íntimo do que nossa consciência; no entanto, não há nada mais difícil do que explicá-la. Noam Chomsky (2006) sugeriu que a ignorância humana poderia ser dividida em problemas e mistérios. Os problemas são alvo de especulação e investimento em pesquisas; entretanto o mistério, por mais que seja atrativo ao ser humano, geralmente é deixado à margem do interesse dos pesquisadores. Entendemos que na reflexão sobre a consciência há que se incluir o interesse para resolver problemas e compreender os mistérios, pois, ao longo da história, esses últimos tem se revelado como portas para o entendimento da natureza humana. Seguindo uma linha do tempo, são os mistérios que se transmutam em problemas quando compreendidos; esses, quando estudados trazem possibilidade de soluções; que uma vez aprofundadas revelam novos mistérios! E assim segue um caminho infinito de descobertas.
A indagação sobre o que é a consciência tem permeado o interesse da sociedade em todos os tempos. Nas situações do cotidiano e nas culturas esse termo aparece nas expressões como “peso na consciência”, “por a mão na consciência”, “ter consciência de algo”, “liberdade de consciência”, “ser (ou não ser) uma pessoa consciente”, entre outros. No Dicionário Aurélio da Lingua Portuguesa esse termo significa “atributo pelo qual o homem pode conhecer e julgar sua própria realidade … senso de responsabilidade, conhecimento, noção” (HOLANDA, 1993).
Dentro do conhecimento acumulado na história da humanidade, desde as civilizações antigas, o entendimento da consciência tem sido o centro não só da ciência, filosofia e da espiritualidade, mas também da arte nas suas várias modalidades. Nesses círculos são utilizados alguns sinônimos como: espirito, mente, conhecimento, percepção, senciência, subjetividade e awareness[1]. O conceito sobre a consciência passa pela neurologia, psiquiatria, psicologia e filosofia, até as mais recentes descobertas das ciências emergentes que incluem a visão ampliada da realidade, ou seja, consciência como a inteligência essencial, base do Universo. No campo da neurofisiologia, que serve de subsídio para a psiquiatria adotada por uma parcela dos profissionais, a consciência é explicada como epifenômeno do cérebro, como produto dos processos cerebrais e das interações neuronais.
Nos últimos tempos, a compreensão da consciência tem sido um carro-chefe das pesquisas na neurociência, na biologia, nas áreas do comportamento, na física quântica, na matemática, além de ela estar presente na confluência existente entre a ciência, a filosofia e no entendimento da espiritualidade, arena de estudos milenares.
Diante de uma teoria incompleta e insatisfatória sobre a consciência, baseada em paradigmas mecanicistas, impõe-se a adoção da ampliação de outros referenciais teóricos, envolvendo a metafísica e as ciências emergentes – nova biologia, nova física, nova cosmologia, ciências noéticas[2], entre outras. A proposta desses novos campos, quando no estudo da consciência é ampliar a compreensão do fenômeno, incluindo, inclusive, o mistério, nos termos colocados por Chomsky.
Os pesquisadores modernos estão se dedicando às fronteiras do conhecimento científico e filosófico, buscando ampliar a compreensão do Homem, do Universo e da acuidade da consciência em percebê-los. E, quanto mais avançam esses estudos, mais um mundo sutil se apresenta, abrangente e interconectado, para além da percepção mais restritiva da realidade, sendo este campo denominado pelo filósofo da ciência Erwin Lazslo (2012) de campo in-formacional. Segundo esse pensador, isso representaria uma conexão sutil, instantânea, não evanescente e não material entre coisas e eventos que existem e ocorrem em diferentes locais do espaço mensurável e em diferentes instantes do tempo cronológico. “Caso sejam instantâneas e não materiais, essas conexões ocorrem num entendimento diferenciado da matéria-tempo-espaço como percebida por nossos sentidos” (LASZLO, 2012)
Essas conexões são chamadas não-locais nas ciências naturais e, transpessoais, quando estudadas no campo da psicologia. Como ilustração, apresentamos uma frase do cientista David Bohm (2008), fundador de uma das bases da física quântica, onde afirma que “o que aparenta ser o mundo estável, tangível, visível e audível é uma ilusão”. A afirmativa desse cientista nos convida para ampliar novos fenômenos ainda impenetráveis.
Neste texto vamos transitar nas fronteiras entre a ciência, a filosofia e a espiritualidade. Com certeza temos poucas informações já delimitadas, isso nos motiva, inclusive, a ampliar nosso escopo e trazer os filósofos da ciência e os estudiosos da espiritualidade para dialogar sobre essa fronteira, levantando possibilidades que são motes de interesse para atuais e futuras pesquisas.
Levantando possibilidades
Di Biase (2007) comenta a dificuldade de se abordar o entendimento da consciência, afirmando que ela não é uma questão científica ordinária, em que a consciência observadora tem algum objeto ou fenômeno externo a ser observado. A referida busca é, de certa forma, paradoxal, porque é a própria consciência que se quer entender. Em outras palavras, significa o observador querendo observar a si próprio. Esse mesmo autor comenta com entusiasmo, que pela primeira vez na história humana, o mundo científico apresenta condições para entender a natureza desse fenômeno.
Uma pergunta colocada por muitos autores é: seria a consciência um fenômeno emergente dos processos cerebrais, ou seria a consciência um ente transcendente que animaria o cérebro?
Pela abrangência da pergunta, neste texto não temos como respondê-la na sua inteireza, apenas traremos algumas reflexões e informaçõs sobre o assunto e, assim, podermos continuar sendo instingados e instingando novas questões.
Visão da consciência na filosofia
O entendimento da consciência pode ser visto sob diferentes ângulos: médico-neurológico, psiquiátrico, psicológico, socio-cultural, filosófico e nas ciências materiais através do estudo das partículas e subpartículas atômicas. Vamos começar pela Filosofia, na qual, numa visão geral, esse fenômeno tem sido entendido em três diferentes referências: materialista[3] ou fisicalista – a consciência como epifenômeno do cérebro; idealista[4] – a consciência como a primeira e única realidade da qual emana a multiplicidade do mundo manifestado, preexistente no mundo material. Finalmente, a visão dualista[5] – cérebro e consciência como duas entidades conectadas, sendo o cérebro a sede e a expressão no mundo manifestado da consciência sutil universal. São muitas as linhas de compreensão, não sendo possivel abranger no seu conjunto mas apresentamos aqui algumas reflexões.
Bebendo na fonte filosófica
Ao longo da história, a começar pela Antiguidade até os dias de hoje, as escolas filosóficas, ou de sabedoria, têm sido uma fonte de conhecimento e especulação sobre a existência e o sentido de vida, e também um sustentáculo para manter-se vivo o conhecimento já adquirido pelas gerações e civilizações anteriores. Cada época ou cada civilização teve sua escola, como por exemplo, a Escola Pitagórica, a Academia de Platão, Estoicismo, os Essênios, a Ordem Rosacruz, o pensamento medieval, a filosofia moderna – Humanismo, Empirismo, Iluminismo, Hegelianismo, Escola Kantiana, filosofia contemporânea – Positivismo, Idealismo, Racionalismo, Cientificismo, Pragmatismo, Niilismo, Fenomenologia, etc. – a Escola Esotérica da Sociedade Teosófica e, já no século XX, fundada por J. A. Livraga, a Escola de Filosofia à Maneira Clássica.
Por que o interesse por tais escolas? Com o despertar da consciência humana surgiu a busca natural do conhecimento da origem da vida e do Universo, gerando as frequentes perguntas, sempre presentes nas preocupações humanas: Quem eu sou? De onde venho? Para onde vou? Qual o sentido da vida? Não é por acaso que a história das civilizações nos quatro cantos do planeta está recheada de incursões filosóficas e míticas sobre a cosmogênese e a antropogênese, inicialmente explicadas nos símbolos, mitos, arquétipos e reflexões filosóficas, e, mais recentemente, pelo conhecimento científico.
Para representar o conhecimento no seu conjunto a partir dos fundamentos da sabedoria antiga, a Escola de Filosofia à Maneira Clássica desenvolveu um esquema baseado na pirâmide de quatro lados, cada lado representando uma área diferente do conhecimento: a ciência, a arte, a religião e a política; e em cujo eixo central estaria a filosofia, formando uma espiral ascendente (vide Figura 1).

Segundo essa proposta, cada pessoa ou grupo humano se identifica com uma ou mais faces dessa pirâmide, e, assim, orientado pela competência profissional ou filosófica, trabalha no sentido de ajudar aquele grupo na evolução dos valores e virtudes da sociedade. Resgatando uma vocação da personalidade, essa orientação natural define a forma como o indivíduo pensa e atua no mundo. Uma vez revelada sua orientação, a pessoa começa, pela prática, pela dedicação e estudo, um caminho exotérico (busca no externo) ou esotérico (busca no interior ou das causas), o que reforça sua visão de mundo pelo âmbito da face assumida.
Em todas as civilizações, constata-se a presença dessas quatro vertentes, simbolizadas por arquétipos, mitos e símbolos, que norteiam a cultura, os pensamentos e sentimentos das sociedades. Elas apareceram de alguma forma, representadas na arquitetura, na organização social e política, nas artes, nas descobertas tecnológicas e nos conceitos e leis que orientam o grupo.
Do ponto de vista filosófico, tendo como referência a pirâmide de quatro lados, a face da ciência representa o arquétipo da busca da verdade. Está presente, por exemplo, no conhecimento da medicina e demais ciências da saúde, das construções e das ferramentas. A face da arte representa a busca do belo e suas expressões; a da religião, o encontro com o divino; e a face da política representa a união, o bem e a justiça, que tem gerado contribuições, nas leis e costumes, para saltos civilizatórios importantes.
A filosofia, como espiral ascendente no eixo central da pirâmide, funciona como um movimento em direção a expansão da consciência. Na simbologia da pirâmide, a filosofia dinamiza as quatro faces do conhecimento, impulsionando-os na direção do topo, onde se atinge a visão da Unidade. À medida que o eixo filosófico ascende, acontece naturalmente a aproximação das paredes da pirâmide, unificando pessoas, ideias e sociedades em torno da harmonia, da complementação e da integração entre elas. Quanto mais alto o topo do eixo central, mais próximas estão todas as faces, facilitando as conexões entre as mesmas e afinando a reverberação da sabedoria e do conhecimento.
Na Idade Média, predominou a referência religiosa, trazendo para o mundo ocidental a rigidez dos costumes e dos dogmas, em que tudo girava em torno da imposição e controle da Igreja. Na idade Moderna veio o predomínio da filosofia Iluminista e do Positivismo, paradigma dominante na Europa nos séculos XVII ao XIX, trazendo a predominância da racionalidade, o que abriu espaço para o desenvolvimento da ciência. Essa ênfase exagerada para um lado ou outro da pirâmide causa o esvaziamento das demais linhas do conhecimento, impedindo a estruturação plena do ser humano e levando ao consequente adoecimento da sociedade.
No plano individual, embora as pessoas normalmente se identifiquem com uma das faces, é fundamental ampliar seu escopo, a partir dela, para tangenciar os demais lados, formando uma visão mais integrada da realidade. No entendimento dessa pirâmide a consciência se expande na medida em que paredes se aproximam umas das outras na direção ao Uno, ápice do saber e da consciência universal. A sabedoria surge da visão do todo, da totalidade.
Ainda refletindo sobre a visão filosófica da consciência, o cientista cognitivista e filósofo da atualidade David Chalmers (2014) se questiona “como a consciência, algo tão imaterial, pode surgir da matéria, algo tão inconsciente”. Na tentativa de compreender essa ambiguidade, este pensador concebe a ação da conciência em duas categorias: problemas fáceis e problemas dificeis. Os primeiros podem ser explicaveis pelos mecanismos neurais ou sistema cibernético, como a capacidade de reagir à estímulos, discriminar, categorizar, focar a atenção, integrar a informação pelo sistema cognitivo; enquanto os problemas dificeis estão relacionados à experiência subjetiva, sentimento e emoção que cada pessoa experimenta diante de um determinado estímulo (autoconsciência). Esse filósofo afirma que para entender seriamente a consciência é necessário ir além do materialismo estrito.
Refletindo na visão de Chalmers (2014), o aspecto da subjetividade abre campo para entendimento do ser humano como único e pleno de possibilidades e essa qualidade não poderia ser explicada pela experiencia objetiva da ciência cognitiva. Para ele o entendimento pleno da consciência seria necessário ir além do materialismo estrito. Tirapu-Ustárroz e cols. (2003) relacionam o conceito dos problemas fáceis e dificeis aos verbos estar e ser, respectivamente. Para eles estar desperto, o contrário de sono profundo ou anestesiado, consiste na capacidade de perceber-se a si mesmo em termos objetivos, enquanto que os problemas difíceis significariam perceber-se a si mesmo do ponto de vista subjetivo.
De acordo com os períodos históricos e com suas escolas filosóficas correspondentes, visões diferenciadas são trazidas, compondo um verdadeiro caleidoscópio de possibilidades sobre a consciência.
Consciência na visão da ciência contemporânea
Nas ultimas décadas o debate sobre a consciência tem se alternado entre o principio mecânico do Universo, onde a consciência é explicada como um epifenômeno do cérebro, e uma nova forma de conceber o fenômeno da consciência através da teoria quântica.
A consciência é um dos fenômenos mais fascinantes e complexos estudados pela ciência e pela filosofia. Na atualidade esse fenômeno tem sido alvo de interesse de múltiplas disciplinas, como por exemplo, neurociência, psicologia, física quântico-holográfica, filosofia da mente e inteligência artificial.
Alguns cientistas e filósofos da ciência atuais – David Bohm (2008), Nassim Haramein (2012), Leonard Susskind (2006), Erwin Laszlo (2012), entre outros – têm se empenhado na busca de uma lei única que una as leis conhecidas na física: a gravidade, o eletromagnetismo, a teoria atômica e nuclear, e, mais recentemente, a inclusao da consciência. A seguir estão descritas algumas teorias e paradigmas da ciência atual que buscam explicar a consciência, suas qualidades, funções e possibilidades, são elas:
- Teoria Holográfica do Cérebro (Karl Pribam, 1991)
- Consciência significa self-awareness (perceber a si próprio), através da informação presente em um sistema cósmico em rede que se retroalimenta (Nassim Haramein, 2012)
- Consciência como parte de um campo in-formacional universal (John Eccles, 2012)
- Consciência como campo de problabilidade não material (John Eccles e Friedrich Beck, 1994)
- Consciência como processo não–local (Roger Penrose, )
- Consciência como fenômeno quântico – Teoria da Redução Orquestrada (Oech-OR) (Penrose e Hameroff, 1999)
Natureza holográfica do cérebro – transição da mente linear para a mente holográfica
A proposta do conceito do Universo Holográfico originou-se das concepções do modelo holonômico de David Bohm[6] e Karl H. Pribram[7] , aplicados à compreensão do cérebro. Mais tarde, esse modelo foi utilizado por Garard‘t Hooft e Leonard Susskind na teoria da gravidade quântica[8] . Essa ideia já transitava nas tradições antigas e entre os pensadores que defendiam a inclusão do modelo hologramático, não necessariamente recebendo essa denominação, em que, na unicidade do Universo, cada parte representaria o conjunto. Mais recentemente, o estudo da holografia tem ganhado grande expressão na compreensão da intersecção entre matéria e energia, no estudo do Universo e da consciência. A holografia também tem sido utilizada na neurologia, na neurofisiologia e na neuropsicologia, para explicar como o cérebro armazena as informações ou como funciona o fenômeno da memória. Pela holografia pode-se reconstruir uma imagem e resgatar a informação em sua integralidade.
O princípio do universo hologramático, nessa teoria, sugere que cada partícula contenha a informação do todo, assim como num holograma artificialmente criado. Essa proposta se assenta na existência de um elemento primordial ou de um campo de energia cósmica pré-existente à matéria e ao Universo. Se esse campo de energia cósmica se apresenta como a primeira coisa criada no Universo, e se toda manifestação material ou energética é resultado das diferentes formas desta energia, então, toda a criação, e cada parte desta dela decorrente, contém sua essência. Na verdade, a matéria não se diferencia pela diversidade na sua composição essencial, mas sim pelas diferentes formas de organização das partículas subatômicas que compõem cada átomo ou molécula. Em essência, portanto, cada coisa criada contém a informação essencial de tudo o que foi criado a partir do mesmo campo de energia cósmica, por ser ele o potencial criativo de todo o Universo.
Outro ponto de vista da compreensão hologramática tem como princípio a ressonância. Todas as coisas no Universo estão constantemente oscilando em diferentes frequências. Esses campos interagem entre si, projetando-se uns nos outros como num holograma. Em escala universal, a interação das oscilações energéticas, obedecendo a uma supraconsciência, criariam um super-holograma coletivo de todas as coisas e todos os seres. Como analogia, por exemplo na música, a simultaneidade na interação de frequências sonoras diferentes, mas harmônicas, criam os acordes musicais, “hologramas” resultantes da sinergia sonora frequencial.
Karl Pribram (1991) concebeu, a partir do holograma, um modelo para explicar o fenômeno da memória distribuída em todo o cérebro. Este modelo tem sido utilizado para compreender o funcionamento cerebral e a forma como a memória pode ser recuperada por associações com outras estruturas neuronais, quando partes do cérebro são retiradas. A teoria holonômica da função cerebral tem raízes no mapeamento de processos cerebrais resultante de evidências experimentais acumuladas durante as décadas de 1960 e 1970. Contribuíram também para esta teoria os estudos matemáticos anteriores, principalmente os do cientista Dennis Gabor[9], na década de 1940.
A proposta do cérebro holográfico supõe que a expressão da realidade intuída é construída matematicamente pelo cérebro através da interpretação de frequências que vão além do tempo e do espaço. Neste processo, segundo Pribram (1991), o cérebro seria um micro-holograma interpretando um macro universo holográfico, de cuja essência é composto. Ou seja, cada ponto do cérebro possui informações do conjunto, assim como acontece com o Universo, onde todas as coisas, no macro e no microcosmo, estão interligadas harmonicamente, reproduzindo informações de forma onipresente em cada parte do holograma.
Na referência da neurociência os estados meditativos significam a sincronização da consciência individual com a ordem implícita do Universo, subjacente à realidade perceptível. Sentimentos e emoções de medo, ira, ansiedade e estresse impedem essa conectividade, enquanto o amor e a compaixão são conexões harmônicas com a ordem implícita. Esse termo foi concebido pelo cientista David Bohm (2008) em oposição à ordem explícita, que significa o mundo manifestado.
Conexão: a lei fundamental do universo
Nas presentes considerações sobre a consciência é importante apresentar a proposta do físico, matemático e filósofo Nissam Haramein (2012) que vem estudando a relação entre matéria, energia e consciência, fazendo mergulhos teóricos na intersecção entre elas. A conexão é a base de suas pesquisas.
Haramein corrobora a ideia de que toda informação do Universo está contida holograficamente em todos os átomos, como essência intrínseca de todas as partículas existentes, tendo como fonte a consciência universal. Trata-se de um mecanismo de auto-organização em que cada partícula se conecta com as demais, numa dinâmica criacional evolutiva de total integração que não dá espaço ao erro. E, através das experiências da consciência humana, este processo universal incorpora novas informações hologramáticas que são passadas adiante para as novas gerações. Há, portanto, uma troca de informação permanente e harmoniosa entre o campo da consciência universal e tudo existente no Universo, inclusive os seres humanos.
Os estudos desse cientista sobre a consciência têm trazido novas perspectivas e por sua importância segue um resumo de suas ideias sobre o tema:
- Não existe espaço vazio; tudo é energia condutora de informação cósmica imediata, cuja dinâmica, em forma de feedback e feedforward, preenche o Universo em uma rede expansível de consciência que reescreve a si mesma a cada instante do eterno agora, num processo evolutivo de si própria. “Você sabe, a cada instante, cada vez mais profundamente, quem você é, pela evolução inexorável da consciência!” (N. Haramein).
- Em nível quântico, existe um fluxo in-formacional permanente entre a dimensão matéria-tempo-espaço das partículas e a sua fonte imaterial, atemporal e não local, através do que seriam “buracos de minhoca”, uma comunicação interdimensional em que ocorrem os processos da existência. Em cada célula do corpo, átomos e molé- culas estão se comunicando através desses “buracos” num diálogo dinâmico entre todo manancial celular.
- Haramein afirma que a consciência perpassa tudo, em torno e no próprio ser humano, tendo como fonte o campo de ponto zero de energia. Consciência, no ser humano, significa self-awareness (perceber a si próprio), através da informação presente em um sistema cósmico em rede que se retroalimenta. O Universo alimenta informação para si mesmo. Torna-se cada vez mais complexo e altamente organizado, mais consciente e mais sábio. Na medida em que se escala a espiral evolutiva, novas informações são processadas e vão se integrando ao Universo.
- O Universo é consciente. Tudo está conectado através de informação instantânea, formando a realidade conhecida.
- A consciência individualizada e a memória não estão somente no cérebro. Este órgão e o corpo como um todo são como uma antena tipo bio-oscilador conectada à consciência do universo que preenche o espaço, tanto do macrocosmo como do microcosmo, onde tudo se intercomunica.
- O tempo é um vetor linear no espaço. Diferentemente de Einstein, que usou o termo espaço-tempo, Haramein cunhou o termo espaço-memória, sugerindo que a memória é a instância onde se acumulam o conhecimento e a experiência universal, obtidos na trilha do tempo, para serem transformados em evolução.
- O tempo é a sucessão de “agoras” em que cada salto quântico transformador acontece. Tempo, espaço, matéria, consciência, transformação, memória: um amálgama único em permanente ebulição no cadinho da evolução cósmica.
Neurociência e a consciência
Algumas linhas de pesquisa da neurociência procuram explicar o funcionamento do cérebro, da consciência e a relação entre eles. A neurociência abrange as áreas da ciência que explicam as propriedades dos neurônios e de suas conexões, do conjunto do sistema nervoso central e a correlação com a consciência. Mais recentemente, esses estudos têm incluído o uso de neuroimagens para o monitoramento das atividades neuronais, bem como da modelagem computacional das redes neurais e de registros elétricos com eletrodos intracranianos. Fazem parte desses estudos avaliações clínicas e psicopatológicas e suas relações com áreas cerebrais. Além destes recursos, o entendimento da relação entre cérebro e consciência tem buscado correlações nas reflexões filosóficas e, mais recentemente, no estudo das ciências noéticas[10] que fazem parte do âmbito das ciências emergentes ou novas ciências.
As indagações sobre a consciência vão desde questões se esta estaria presente nos organismo mais simples, como bactérias e algas, ou se seria uma característica de animais que possuem algum tipo de “racionalização” sobre si. Essa questão conduz os neurocientistas à busca de entender se a consciência está diretamente relacionada à inteligência. Uma outra forma de entender o assunto propõe que a consciência seja parte de um sistema biológico complexo relacionado ao humano, defendendo, assim, uma correlação direta com a inteligência humana.
A neurociência interessa-se também em saber como as propriedades neurológicas podem explicar se um determinado estado é consciente ou não (consciência genérica) e, caso afirmativo, qual seria o conteúdo deste estado consciente (consciência específica).
Neurofisiologia e consciência
A seguir estão apresentadas duas linhas de pesquisa desenvolvidas pela neurociência que relacionam as estruturas neurais com o fenômeno da consciência transcendente: John Eccles (1994) e o campo de probabilidade não material, e os pesquisadores Roger Penrose e Stuart Hameroff (1999) e a consciência quântica.
O neurocientista australiano John Eccles (1903-1997), ganhador do Prêmio Nobel de Medicina, em 1968, culminou seus estudos, durante cinco décadas, sobre o cérebro propondo uma relação entre este e o campo de probabilidade não material. Autor de vários livros, entre eles Cérebro e consciência, tendo como pilar filosófico o dualismo interacionista, foi reverenciado no meio acadêmico por ter ressaltado o interesse científico pela consciência, num período em que não se dava atenção apropriada ao tema.
Na concepção adotada por Eccles (1994), haveria um Self (eu-consciência), sem substância material manifestada, consciente de si próprio, análogo a um campo quântico de probabilidades que animaria o cérebro, como entidade independente. Segundo Eccles, o cérebro apresenta dois mecanismos complementares de funcionamento: o mecanismo físico-químico de transmissão sináptica dos neurotransmissores (vide Figura 2) e o mecanismo consciencial de natureza quântica.

Com a colaboração do físico quântico Friedrich Beck, Eccles sugeriu que um campo quântico de probabilidades possa interferir na sequência de abertura das vesículas sinápticas nas terminações dos neurônios e, consequentemente, influenciar a passagem de estímulos de um neurônio a outro. Exemplificando, quando se levanta um braço, o sistema de acionamento neuromuscular está ligado ao mecanismo físico-químico das sinapses e dos neurotransmissores, enquanto a intenção desse movimento, se para bater ou acariciar, estaria no plano do campo de probabilidade quântica, cerne da consciência.
Eccles (1994) entendia que os fenômenos quânticos, através de uma interação bidirecional, num fluxo de in-formação e não de matéria ou energia conhecida, acontecem como interface entre os processos fisiológicos do cérebro e a ação não determinística do espírito. Ele defendia, assim, que a física mecanicista não conseguiria comprovar as hipóteses de detectar, medir e prever forças mentais atuantes no comportamento e também justificar a consciência.
Para dar corpo à sua teoria, Eccles desenvolveu a ideia de uma interconexão entre cérebro e espírito através de uma rede neuronal pré-sináptica paracristalina, com microssítios quânticos denominados de dendrons – rede de dendritos com função ondulatória – que se conectam com os psychons, referidos por ele como constructos filosóficos. Por meio de suas pesquisas, desenvolveu o conhecimento da transmissão sináptica através da exocitose ou liberação dos neurotransmissores, padrão de transmissão nervosa aceita universalmente. Posteriormente relacionou o processo de liberação dos neurotransmissores ao fenômeno quântico que, para sse cientista, acontece na interseção entre cérebro e espírito. Então, para Eccles o fenômeno da consciência seria resultante do somatório da transmissão sináptica eletroquímica e da rede de transmissão quântica formada por dendrons e psychons.
Mesmo tendo sido criticado por alguns colegas, o que acontece normalmente no mundo científico, John Eccles deu uma contribuição significativa para a compreensão da transmissão neuronal. A partir de evidências neurocomportamentais, desenvolveu algumas especulações sobre o surgimento da consciência ao longo da evolução das espécies. Nos últimos trabalhos, Eccles defendeu que a ligação do cérebro com a mente só ocorreu quando surgiu o córtex cerebral, e demonstra sua ousadia ao afirmar que a evolução do córtex cerebral, e de sua eficácia neural, teve por consequência secundária uma propriedade única, aliada ao fenômeno quântico, denominada por ele evolução por antecipação.
Consciência quântica: um conceito
O conceito de consciência quântica também foi estudado pelos pesquisadores Roger Penrose (1994) e Stuart Hameroff (1999), que desenvolveram a Teoria da Redução Objetiva Orquestrada (Orch-OR), resultante da integração de duas teorias independentes. Roger Penrose, por meio da matemática, compreendeu que o cérebro não funciona por uma progressão linear e sim por uma ação não-linear, tipo algoritmo de progressão geométrica. Na Teoria da Redução Objetiva de Penrose, a consciência é um processo de natureza não-local, que pode interagir à distância. Segundo essa teoria, a consciência seria o resultado de fenômenos quânticos que acontecem no nível dos neurônios. Esse físico publicou essas evidências nos veículos científicos na década de 1990, nos quais declarava que o cérebro teria uma capacidade quântica e mecânica integradas.
Baseado nos estudos de Penrose e Stuart Hameroff, matemático e neurocientista da Universidade do Arizona, integraram o conhecimento dos componentes estruturais dos neurônios denominados microtúbulos à Teoria da Redução Objetiva. Essa microestruturas são unidades proteicas em espiral, intraneuronais, que formam um tipo de “esqueleto” celular, chamadas de estruturas citoesqueléticas. Os microtúbulos têm um papel na divisão celular e no transporte de organelas celulares e contêm em seu interior altíssima densidade de elétrons orbitantes Pi. São formados por subunidades menores, onde cada ligação entre os polímeros (compostos de moleculas menores) possui uma estrutura química complexa e instável, levando a um estado probabilístico quântico conhecido como qubits ou bit quântico (unidade de informação quântica). A movimentação de energia gerada pela instabilidade química local acaba por gerar um campo magnético e luz, justamente pela propriedade ondulatória da matéria. Segundo Penrose e Hameroff, essas estruturas proveem as condições essenciais para orquestrar o colapso quântico. A comunicação entre os microtúbulos não percorre nenhum trajeto calculável, é uma informação processada em um ponto e transferida instantaneamente a outro, utilizando-se do mecanismo de transmissão fora do tempo e do espaço denominado pela física quântica de transmissão não-local.
Stuart Hameroff e cols. (1999) propuseram que a atividade cerebral que dá suporte à consciência não estaria limitada às informações em nível de sinapses processadas na rede neuronal, como as teorias clássicas sugerem, mas se estenderiam às estruturas tipo citoesqueléticas intracelulares, especificamente os microtúbulos. Vistos como computadores quânticos do cérebro, esses microtúbulos aumentam sensivelmente a capacidade e a velocidade do processamento da informação cerebral, potencializando o aproveitamento do manancial informativo.
Nos microtúbulos existe um sistema de transmissão quântico-mecânico em que o cérebro é capaz de realizar tarefas de forma quântica, funcionando como um processador quântico de informação. Esses cientistas afirmam que o modelo sugerido pode explicar várias das características fundamentais da consciência, inclusive a consciência da consciência (awareness) e o tratamento de problemas difíceis, como descreve o filósofo David Chalmers (2014).
Segundo a hipótese de consciência quântica de Penrose e Hameroff, a integração das atividades cerebrais é devida ao fenômeno quântico do condensamento de Bose-Einstein amplificado, hipótese esta que leva à necessidade de pesquisas dentro de um campo interdisciplinar – neurociência, física quântica, teoria da relatividade, filosofia e lógica matemática, entre outras. A neurobiologia cognitiva tem uma função importante nessa discussão e resume o resultado da contribuição de todas essas disciplinas como o fenômeno da unidade integradora das atividades cerebrais..
Na referência da neurofisiologia, sabe-se que o cérebro possui uma transmissão inter-neurônios de caráter eletroquímico, em que as informações caminham através de impulsos elétricos e se transformam em informação química nas sinapses, que, por sua vez, convertem-se em novos impulsos elétricos (vide Figura 7). Com os novos estudos sobre a consciência quântica, é possível interligar as duas formas de transmissão: a transmissão eletroquímica, de caráter local, e a transmissão quântico-mecânica, de caráter não-local, formando assim dois eixos hipotéticos. Esses dois eixos interligados possibilitam a passagem do modelo teórico de transmissão linear para a transmissão geométrica, multiplicando exponencialmente as possibilidades da consciência humana.
Consciência e espiritualidade
Com a surgimento de novas estruturas cerebrais, a partir dos mamíferos superiores, em especial no Homo sapiens, surgiram características e áreas sensíveis aos planos mais sutis da realidade. Estes elementos justificam o fato de que, apesar de se tornar mais frágil fisicamente, a espécie humana desenvolveu alguns atributos diferenciados como estratégia de sobrevivência e evolução, entre outros, a cooperação, o vínculo afetivo e amoroso, e a compaixão. Em suporte a essas novas aquisições evolutivas estão as estruturas cerebrais com funções de contato com a espiritualidade, ou também denominado pelos pesquisadores de contato com sagrado.
Hoje, a neurociência tem se dedicado de forma particular ao estudo da correlação entre cérebro, consciência e espiritualidade. Os neurocientistas Newberg e Waldman (2009) afirmam que muitas formas de prática espiritual estimulam ou se relacionam diretamente com a saúde humana. E vão além, mostrando que centenas de estudos neurológicos, psicológicos e sociológicos sobre religião identificaram, no seu conjunto, três aspectos fundamentais:
- O envolvimento com atividades religiosas e espirituais é positivo, com exceção daquelas que compartilham uma imagem de um Deus entendido como raivoso, ameaçador e vingativo.
- Atividades envolvendo meditação e prece intensiva fortalecem áreas específicas do cérebro relacionadas à redução da ansiedade e da depressão, aumentam a consciência social e empática, e, finalmente, melhoram a função cognitiva e intelectual.
- Circuitos neurais ativados pela meditação reduzem os efeitos deletérios da idade, do estresse e levam ao melhor controle das emoções, proporcionando calma, serenidade, paz e atenção plena, com visão positiva e otimismo da vida.
Os estudos da evolução do cérebro humano sugerem que a empatia e a consciência social são fenômenos que surgiram simultaneamente às áreas mais recentes da anatomia cerebral. Durante milhões de anos, o cérebro dos mamíferos superiores e dos hominídeos ficou predominantemente relacionado à sobrevivência da espécie, e aos poucos foi adquirindo outras funções que convergiram na capacidade de cooperação e transcendência.
As tradições de sabedoria, dentro e fora das religiões, ao longo dos tempos revelam o poderoso caminho ao qual a espécie Homo sapiens tem se dedicado para criar relações interconectadas com os demais e com o mundo. De fato, a curiosidade, apanágio preponderante no ser humano, busca desvendar o véu dos mistérios, trazer para o mundo material de dimensões de maior sutileza e, assim, conhecer, experimentar e transcender. Esta curiosidade vem obtendo respostas através de pesquisas científicas mais recentes, realizadas por vários estudiosos do tema, conforme exposto a seguir.
A partir da década de 1990, muitas publicações científicas têm motivado a inclusão dos temas ligados à espiritualidade no contexto da vida e da saúde mental das pessoas. A visão contemporânea recomenda que os profissionais do cuidado acolham as crenças dos pacientes e respeitem suas maneiras de perceber a realidade. Não é por acaso que nos últimos 30 anos o grande interesse dos pesquisadores tem sido entender a relação entre religiosidade/espiritualidade (R/E) e saúde.
Delgado (2005) identifica a espiritualidade com a fé, com a busca de sentido e de propósito, bem como o senso de conexão com os demais e com a transcendência, resultando assim no sentimento de paz interior e bem-estar. Esse autor afirma que uma conexão espiritual forte pode melhorar o senso de satisfação com a vida e a aceitação das dificuldades. Nesta mesma direção, Lee e Newberg (2005) enfatizam a importância da dimensão da espiritualidade no sucesso do tratamento dos problemas psíquicos e na saúde em geral.
As ciências noéticas são um ramo da ciência que busca entender, através do método teórico-experimental, a consciência como um campo de transcendência que vai além do limite do cérebro. Estuda os fenômenos subjetivos da consciência, da mente e do espírito. Como conceito filosófico, a noética define a dimensão espiritual do homem.
William James (2019), psicólogo e filósofo americano, já no final do século XIX, entendeu o conceito noético como o estado de discernimento da profundidade da verdade, não sondada pelo intelecto discursivo. São elucidações, revelações cheias de significado, aparentemente inarticuladas, mas conectadas a um sentido, que como regra, trazem consigo um curioso sentido transcendente.
O astronauta da Apollo 14, Edgar Mitchell (2023), após a sua viagem espaciel e caminhada na lua, fundou o Instituto de Ciências Noéticas em 1973, com a finalidade de pesquisar as ciências que estudam a conexão dos fenômenos e experiências extraordinárias com as interpretações científicas e espirituais da realidade. Ele descreveu que sua experiência no espaço fez emergir um sentimento de conexão com tudo: com as estrelas, a Lua, a vastidão do Cosmos e o Planeta Azul, como ele denominava a Terra. Como cientista e visionário, Mitchell viu a necessidade de conciliar a sua formação como engenheiro e astrofísico com a sabedoria somada através dos tempos, para transcender as limitações do mundo material, para ele ultrapassadas. Seria necessária uma nova estrutura que pudesse ajudar a explicar a inexplicável e significativa transformação vivida por ele.
O Instituto criado por Mitchell dedica-se a um campo de estudo multidisciplinar, reunindo ferramentas e técnicas científicas objetivas, aliadas ao saber metafísico subjetivo, para estudar a natureza da realidade. Apresenta como proposta a expansão da prática científica para os fenômenos noéticos, de forma a interligar a realidade manifestada conhecida àquela evidenciada por fenômenos ainda pouco compreendidos. Seus pesquisadores estão também interessados em identificar as práticas que melhoram as experiências de transformação, inovação e bem-estar humanos, com objetivo primordial de identificar como a ciência aliada à natureza sutil da mente humana pode ajudar na transformação positiva da vida como base para um mundo melhor para todos.
Segundo esse grupo de cientistas, avanço tecnológico deve ser cada vez mais associada à sabedoria que provém da investigação humana e a lente da ciência deve ser aplicada ao alcance da vanguarda da potencialidade humana. Nessa perspectiva, eles entendem que a sobrevivência e a prosperidade harmônica da humanidade e do Planeta sejam os mais importantes esforços do nosso tempo.
Com certeza ainda estamos longe de entender com clareza e profundidade a consciência humana. Uma boa notícia é que ela tem despertado o interesse das várias áreas do conhecimento e nos incita a acompanhar essas pesquisas, as reflexões filosóficas e sobre a espiritualidade, e o mais importante, as fronteiras entre elas.
Neste texto levantamos conceitos sobre a consciência, trazendo a visão de algumas linhas da filosofia , da visão contemporânea da ciência e da neurociência, perpassando também pela fronteira com a espiritualidade. Mesmo que muito aquem do que o tema suscinta, esperamos que estas reflexões possam nos motivar a continuar nosso caminho, sempre com abertura de espírito, seriedade, comprometimento e capacidade de seletividade e crítica.
Referências Bibliográficas
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[1] Termo inglês que significa a consciência da consciência.
[2] Ramo da ciência que se propõe, por meio do método teórico-experimental, a estudar a consciência como um campo além da caixa craniana, como um campo transcendente.
[3] Materialismo filosófico é a concepção que admite a origem e a existência humana a partir da matéria e que suas leis são suficientes para explicar todos os fenômenos e a realidade; doutrina que identifica, na matéria e em seu movimento, a realidade fundamental do universo, com a capacidade de explicação para todos os fenômenos naturais, sociais e mentais.
[4] O idealismo filosófico é uma corrente que entende a existência das coisas como dependente das ideias presentes no espirito.
[5] O dualismo refere-se ao conceito filosófico que admite a coexistência de dois princípios necessários e irredutíveis entre si: matéria e energia
[6] David Bohm (1917-1992) cientista que introduziu a visão da totalidade e deu grande contribuição na elaboração da teoria quântica.
[7] Karl Pribam (1919-2015) professor de psicologia e psiquiatria na Universidade de Georgetown e Stanford dos EUA.
[8] Conjectura especulativa da teoria da gravidade quântica que supõe que toda informação contida num volume de espaço pode ser representada por uma teoria que reside na fronteira daquela região.
[9] Prêmio Nobel de Física em 1971
[10] Ramo da ciência que se propõe, por meio do método teórico-experimental, a estudar a consciência como um campo além da caixa craniana, como um campo transcendente.